Adjútor Alvim*
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Chico Buarque, hoje e ontem |
Chico Buarque respondeu recentemente à revista Rolling Stone que não mais fazia músicas politicamente engajadas.
Não é objetivo aqui entrar nos méritos da resposta do artista, vamos só relembrar uma de suas canções mais famosas.

Antes, recebe conselho de Vinícius de Morais de que, ser for para voltar, volte "para fazer barulho".
Chico compõe a canção, "com os nervos mesmo", e manda para a censura só para "fazer barulho" pois imaginava que seria proibida.
A censura inadvertidamente libera a música, um compacto single em 1970 é gravado e obém sucesso nas rádios.
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Nery |
Em nota de sua coluna, Sebastião Nery diz que seu filho e colegas cantam a música como o Hino Nacional.
Nery é chamado a depor, a música tem execução proibida e o censor que a liberara punido.
Interrogado, Chico diz que o você da canção é "uma mulher muito mandona, muito autoritária!".
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Álbum Chico Buarque de 1978 |
A gravadora é invadida e as cópias restantes destruídas, mas a matriz preservada. Liberada em 1978, a música é incluída no álbum Chico Buarque.
Dois pontos interessantes sobre esta música valem ser ressaltadas na música.
A leitura dupla permitida de acordo com o contexto da análse. Conforme o próprio Chico diria mais tarde sobre este tipo de composição: "É uma obra aberta até passar pelo filtro. Quer dizer, ele é duplex, quando eu componho. Quando chega nos canais competentes, o samba assume uma das duas versões"
O outro é o contraste entre realidade/utopia, rejeição ao presente/esperança no futuro que permeiam a letra na contraposição entre o "hoje" e o "amanhã".
Uma canção, várias nuances. E tem gente que acha que arte e política não devem se misturar...
*Adjútor Alvim, "Editor" do blog Casa de Tolerância
Informações extraídas de:
Wikipedia
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA, POLÍTICA E UTOPIA EM CHICO BUARQUE
Veja também
Nós Vamos Invadir sua Praia
Apesar de você
(Chico Buarque)
Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
De "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
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