Adjútor Alvim*
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Os Novos Cavaleiros da Esperança |
O ato realizado em 13-jan-2013 na Avenida Paulista contra o PT e Lula reuniu apenas 20 pessoas e foi, portanto, politicamente insignificante. Contudo, remeteu-me a algumas outras manifestações ocorridas em 2011, primeiro ano do governo Dilma. Em menos de 12 meses de governo, a presidenta subsitituiu 7 ministros por suspeitas de corrupção, no que ficou conhecido como faxina. (Veja também Faxina de Dilma – Estratégia ou Senso de Oportunidade?)
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Varre Vassourinha? |
Obviamente que os simpatizantes do governo não podem deixar de aproveitar a oportunidade para ridicularizar o número pífio de presentes ao ato. Mas seria interessante que, sem deixar de fazer as inevitáveis piadas com o evento, fizéssemos também uma certa reflexão sobre o que leva um grupo de pessoas - mesmo minúsculo - a deslocar-se para protestar contra um líder popular e seu partido.
Por isso, acho conveniente repetir algumas observações que fiz à época e foram publicadas no Luis Nassif On-Line(veja o original em A Intolerância na Blogosfera)
"Os veículos de comunicação mais à esquerda, também
incluídos os blogs independentes, tem feito críticas às passeatas contra
a corrupção. Neste momento, não quero entrar no mérito das passeadas em
si, mas gostaria de analisar alguns outros aspectos dessas críticas.
Um dos aspectos é a intolerância que também está
tomando força nos blogs não ligados à grande mídia. Isto seria de se esperar nos blogs que se proclamam de esquerda e,
mesmo que involuntariamente, incentivam os comentaristas a se sentirem
participantes de um time que vê quem não pensa igual como adversário.
O blog do Nassif, desde o início, se mostrou um
espaço alternativo por dar voz para opiniões destoantes da grande mídia
não por ideologia política pessoal, mas pelo puro e simples desejo de
praticar bom jornalismo. Isso criou um ambiente propício para o debate
de idéias e um conjunto de comentaristas equilibrados.
Quando perguntei a uma pessoa mais jovem a quem eu
recomendara o blog se ela havia gostado, a resposta foi que o mais lhe
chamou a atenção foi o nível pouco habitual dos comentários.
Isso parece estar mudando quando o assunto é o
processo político. Talvez influenciado pelo baixo nível da campanha
presidencial ditado por Serra e seus apoiadores na imprensa, a quem
Marina Silva também vendeu a alma ou talvez pela rejeição explícita do
Nassif à candidatura Serra, tenho sentido uma agressividade cada vez
maior dos comentaristas do blog em relação a quem critica o governo ou
elogia a oposição.
Experimente alguém dizer aqui que Jamil Haddad não
foi o pai dos genéricos. Será , como já fui e serei novamente,
apedrejado ao afirmar categoricamente que a contribuição de Haddad para
os genéricos foi mínima. Ele simplesmente tomou o texto do projeto de
lei de Eduardo Jorge, fez com que Itamar emitisse um decreto sem força
de lei, não conseguiu que farmácias obedecessem, colecionou uma série de
disputas jurídicas e saiu do governo sem que se avançasse um passo
sequer. (Veja mais em Importa Saber Quem Criou os Genéricos?)
Quais são os riscos deste clima de Fla-Flu nas
hostes governistas? Primeiro torna-se impossível discutir em torno de
idéias quando os argumentos governistas e a visão de esquerda tornam-se
dogmas que não devem ser questionados, mas simplesmente apoiados. Não há
troca de conhecimento, mas simplesmente discussões estéreis que não
alteram o pensar de quem participa. Para que discutir se eu não estou
disposto a mudar meu pensamento? Qual o sentido de discutir se
martelarei minhas idéias sem abrir espaço para, quem sabe, uma troca de
paradigma?
Segundo, pode cair-se no erro que a oposição tem
cometido desde 2002 e pode render ao PT mais alguns mandatos no governo
federal. Passar-se a ignorar o ponto de vista do outro lado e,
principalmente, desconsidera-se o contexto que leva determinados grupos
sociais a apoiarem uma causa ou corrente de pensamento. Cegar-se aos
méritos das propostas e realizações concretas do outro lado.
A classe A, baseada na penetração de Lula nas
camadas de menor renda e menor instrução, considera ignorante quem apóia
o lulopetismo (não é assim que nos chamam?). Esta postura elitista
ignora, em primeiro lugar, que o apoio ao governos nas camadas médias
nunca foi pequeno. Embora sem os números astronômicos das classes C,D e
E, o apoio nas classes A e, principalmente, B é significativo, bastando
consultar as pesquisas de intenção de voto para presidente em 2010 para
identificar esta realidade. Esta rotulação de ignorante para os
governistas pode ter causado uma rejeição enorme à oposição que levará
um tempo significativo para ser superada.
Outro consequência desta postura elitista-dogmática
da oposição foi não desenvolver canais de diálogo com os extratos da
sociedade considerados não-informados e permanecer com o mesmo discurso
(neste caso, udenista), esperando que o povo, subitamente, se esclareça
e passe a pensar em consonância com o iluminismo político dos cardeais e
seu clero. Não se desenvolveram políticas para esses extratos e nem
sequer discursos eleitorais, demagógicos ou não, mas minimamente
palatáveis aos segmentos sociais simpáticos ao governo.
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Eles não quem só Bolsa-Família |
Penso serem estes os erros nos quais que os
governistas do executivo, dos partidos da base ou simplesmente
simpatizantes não podem incorrer. Esses agentes devem entender que sim, a
corrupção no Brasil é um problema sério, procurar entender suas causas e
propor ações concretas para sua diminuição. Não podem menosprezar as
manifestações contra a corrupção por que elas significam um extravasar
de sentimentos de segmentos da sociedade. Neste momento, este sentimento
pode estar sendo ofuscado pelo progresso econômico e deixado de lado
pelo eleitorado, mas quando houver uma retração econômica, esta bandeira
pode tornar-se diferencial eleitoral e os governistas podem a ter
deixado bem plantada no campo da oposição.
*Adjútor Alvim é o "Editor" do blog Casa de Tolerância
Pimentel deve Cair?
O Mensalão do PCdoB
Blog do Luis Nassif, independente? Meu deus, onde estou? O Blog dele é patrocinado por quem, cara pálida?
ResponderExcluirVocê pode me sugerir outras leituras, por favor?
ExcluirE do mérito do texto em si, o que vc achou?