Marcos Leão*
Empreender no Brasil pode ser
traduzido como uma atitude ousada,
determinada, um desejo quase incontrolável de construir, afinal os desafios são
bem maiores por aqui.
A falta de estímulos
governamentais é brutal, mas como se não bastasse, o ambiente politico-legal é
hostil e pouco favorável, seja pela indistinta carga tributaria ou pela
excessiva burocracia e trâmites legais dispendiosos. O acesso ao credito, mesmo
por intermédio das instituições financeiras públicas são escassos, reduzidos,
complexos e em grande parte dos casos inviabilizadores dos novos negócios,
principalmente para os pequenos empreendedores.
Os altos índices de fechamento
de pequenos negócios nos primeiros três anos de vida são assustadores.
Além do ambiente pouco favorável, a
falta de conhecimento do negocio e a ausência de competências administrativo-gerenciais
também afetam grande parte dos novos empreendimentos. Neste sentido, percebe-se
algumas iniciativas do governo por meio do Sebrae e da Confederação Nacional do
Comércio com o Senac, mas sem a abrangência e efetividade necessárias para se
transformar tal realidade. Algumas universidades possuem programas voltados ao
empreendedorismo e projetos de
incubadoras de empresas, porém ainda restritos à pequena parcela dos
alunos, que representam uma ainda menor parcela da sociedade com acesso ao
ensino superior. Um ponto positivo é a abertura da discussão acerca do
empreendedorismo e sua repercussão na sociedade, e que certamente surtirá algum efeito nas práticas
governamentais.
Existem ainda organizações não
governamentais com propósito de estimular o empreendedorismo, como a Endeavor
que merece destaque por sua proposta de integrar empresas e profissionais de
sucesso, as Universidades e os empreendedores em programas que promovam as
melhores práticas, bem como auxiliem os novos negócios. Ainda assim, poucos
serão beneficiados pelos seus programas, pelo menos a curto e médio prazo. O
ponto positivo é a discussão envolvendo
empresários, governo, empreendedores e educadores para o desenvolvimento de
novos modelos e sua possibilidade de replicação e propagação para um número
cada vez maior de empreendedores potenciais.
O fato é que mesmo com todas
estas adversidades o empreendedor brasileiro registra muitos sucessos, talvez
pela sua criatividade, pela capacidade de buscar alternativas ou por nunca
desistir diante de crises, afinal somos todos frutos de períodos políticos e
econômicos incertos, que de certa forma deu sua contribuição para a criação de
uma geração de lutadores.
Vida longa aos empreendedores
brasileiros.
[1] A riqueza na base da pirâmide:
como erradicar a pobreza com o lucro. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
Marcos Leão é vice-presidente de Marketing e membro fundador
da AMMA – Academia Mineira de Marketing. Sócio consultor da Neo Inteligence
Marketing. Coordenador e professor do MBA em Marketing e Vendas do Centro
Universitário Newton Paiva. Membro da comissão julgadora do prêmio ABERJE desde
2009. Mestrando em Administração, Pós-graduado em Gestão Mercadológica.
Graduado em Administração de Empresas.
Falar em empreendedorismo no país do concurso publico e meio pregar no deserto.
ResponderExcluir