segunda-feira, novembro 7

A Atitude Empreendedora e o Brasil


Marcos Leão*

Empreender no Brasil pode ser traduzido  como uma atitude ousada, determinada, um desejo quase incontrolável de construir, afinal os desafios são bem maiores por aqui.

A falta de estímulos governamentais é brutal, mas como se não bastasse, o ambiente politico-legal é hostil e pouco favorável, seja pela indistinta carga tributaria ou pela excessiva burocracia e trâmites legais dispendiosos. O acesso ao credito, mesmo por intermédio das instituições financeiras públicas são escassos, reduzidos, complexos e em grande parte dos casos inviabilizadores dos novos negócios, principalmente para os pequenos empreendedores.

A inexistência de politicas voltadas ao empreendedorismo é contraditória à logica, em um pais com tamanha desigualdade e exclusão social. Afirmo isso, baseando-me nas argumentações e estudos de autores como Prahalad[1] que defendem a relevância do estimulo às atitudes empreendedoras como alternativa sustentável à inclusão social, e ainda, quanto ao impacto  econômico gerado pela abertura e desenvolvimento     de     micros e pequenas empresas e sua consequente geração de emprego e renda para as classes mais baixas, o que minimizaria a discrepância social e a pobreza. Fato que infelizmente vem sendo sistematicamente ignorado  pelo governo. O que falta para os pequenos negócios e excedido nas práticas direcionadas para as grandes corporações, como flexibilização fiscal-tributaria e incentivos de toda a ordem. No mínimo um grande equivoco que a longo prazo cobrara seu preço.

Os altos índices de fechamento de pequenos negócios nos primeiros três anos de vida são assustadores. Além  do ambiente pouco favorável, a falta de conhecimento do negocio e a ausência de competências administrativo-gerenciais também afetam grande parte dos novos empreendimentos. Neste sentido, percebe-se algumas iniciativas do governo por meio do Sebrae e da Confederação Nacional do Comércio com o Senac, mas sem a abrangência e efetividade necessárias para se transformar tal realidade. Algumas universidades possuem programas voltados ao empreendedorismo e projetos de  incubadoras de empresas, porém ainda restritos à pequena parcela dos alunos, que representam uma ainda menor parcela da sociedade com acesso ao ensino superior. Um ponto positivo é a abertura da discussão acerca do empreendedorismo e sua repercussão na sociedade,  e que certamente surtirá algum efeito nas práticas governamentais.

Existem ainda organizações não governamentais com propósito de estimular o empreendedorismo, como a Endeavor que merece destaque por sua proposta de integrar empresas e profissionais de sucesso, as Universidades e os empreendedores em programas que promovam as melhores práticas, bem como auxiliem os novos negócios. Ainda assim, poucos serão beneficiados pelos seus programas, pelo menos a curto e médio prazo. O ponto positivo é a  discussão envolvendo empresários, governo, empreendedores e educadores para o desenvolvimento de novos modelos e sua possibilidade de replicação e propagação para um número cada vez maior de empreendedores potenciais.

O fato é que mesmo com todas estas adversidades o empreendedor brasileiro registra muitos sucessos, talvez pela sua criatividade, pela capacidade de buscar alternativas ou por nunca desistir diante de crises, afinal somos todos frutos de períodos políticos e econômicos incertos, que de certa forma deu sua contribuição para a criação de uma geração de lutadores.

Vida longa aos empreendedores brasileiros.


[1] A riqueza na base da pirâmide: como erradicar a pobreza com o lucro. Porto Alegre: Bookman, 2005.


Marcos Leão é vice-presidente de Marketing e membro fundador da AMMA – Academia Mineira de Marketing. Sócio consultor da Neo Inteligence Marketing. Coordenador e professor do MBA em Marketing e Vendas do Centro Universitário Newton Paiva. Membro da comissão julgadora do prêmio ABERJE desde 2009. Mestrando em Administração, Pós-graduado em Gestão Mercadológica. Graduado em Administração de Empresas.



Um comentário:

  1. Falar em empreendedorismo no país do concurso publico e meio pregar no deserto.

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