segunda-feira, janeiro 14

Os 20 do MASP - Por que ouvi-los?

 Adjútor Alvim*

Os Novos Cavaleiros da Esperança
O ato realizado em 13-jan-2013 na Avenida Paulista contra o PT e Lula reuniu apenas 20 pessoas e foi, portanto, politicamente insignificante. Contudo, remeteu-me a algumas outras manifestações ocorridas em 2011, primeiro ano do governo Dilma. Em menos de 12 meses de governo, a presidenta subsitituiu 7 ministros por suspeitas de corrupção, no que ficou conhecido como faxina. (Veja também Faxina de Dilma – Estratégia ou Senso de Oportunidade?)

Varre Vassourinha?
Obviamente que os simpatizantes do governo não podem deixar de aproveitar a oportunidade para ridicularizar o número pífio de presentes ao ato. Mas seria interessante que, sem deixar de fazer as inevitáveis piadas com o evento, fizéssemos também uma certa reflexão sobre o que leva um grupo de pessoas - mesmo minúsculo - a deslocar-se para protestar contra um líder popular e seu partido.



Por isso, acho conveniente repetir algumas observações que fiz à época e foram publicadas no  Luis Nassif  On-Line(veja o original em A Intolerância na Blogosfera)
"Os veículos de comunicação mais à esquerda, também incluídos os blogs independentes, tem feito críticas às passeatas contra a corrupção. Neste momento, não quero entrar no mérito das passeadas em si, mas gostaria de analisar alguns outros aspectos dessas críticas.

Um dos aspectos é a intolerância que também está tomando força nos blogs não ligados à grande mídia. Isto seria de se esperar nos blogs que se proclamam de esquerda e, mesmo que involuntariamente, incentivam os comentaristas a se sentirem participantes de um time que vê quem não pensa igual como adversário.

O blog do Nassif, desde o início, se mostrou um espaço alternativo por dar voz para opiniões destoantes da grande mídia não por ideologia política pessoal, mas pelo puro e simples desejo de praticar bom jornalismo. Isso criou um ambiente propício para o debate de idéias e um conjunto de comentaristas equilibrados.

Quando perguntei a uma pessoa mais jovem a quem eu recomendara o blog se ela havia gostado, a resposta foi que o mais lhe chamou a atenção foi o nível pouco habitual dos comentários.

Isso parece estar mudando quando o assunto é o processo político. Talvez influenciado pelo baixo nível da campanha presidencial ditado por Serra e seus apoiadores na imprensa, a quem Marina Silva também vendeu a alma ou talvez pela rejeição explícita do Nassif à candidatura Serra, tenho sentido uma agressividade cada vez maior dos comentaristas do blog em relação a quem critica o governo ou elogia a oposição.

Experimente alguém dizer aqui que Jamil Haddad não foi o pai dos genéricos. Será , como já fui e serei novamente, apedrejado ao afirmar categoricamente que a contribuição de Haddad para os genéricos foi mínima. Ele simplesmente tomou o texto do projeto de lei de Eduardo Jorge, fez com que Itamar emitisse um decreto sem força de lei, não conseguiu que farmácias obedecessem, colecionou uma série de disputas jurídicas e saiu do governo sem que se avançasse um passo sequer. (Veja mais em Importa Saber Quem Criou os Genéricos?)

Quais são os riscos deste clima de Fla-Flu nas hostes governistas? Primeiro torna-se impossível discutir em torno de idéias quando os argumentos governistas e a visão de esquerda tornam-se dogmas que não devem ser questionados, mas simplesmente apoiados. Não há troca de conhecimento, mas simplesmente discussões estéreis que não alteram o pensar de quem participa. Para que discutir se eu não estou disposto a mudar meu pensamento? Qual o sentido de discutir se martelarei minhas idéias sem abrir espaço para, quem sabe, uma troca de paradigma?

Segundo, pode cair-se no erro que a oposição tem cometido desde 2002 e pode render ao PT mais alguns mandatos no governo federal. Passar-se a ignorar o ponto de vista do outro lado e, principalmente, desconsidera-se o contexto que leva determinados grupos sociais a apoiarem uma causa ou corrente de pensamento. Cegar-se aos méritos das propostas e realizações concretas do outro lado.

A classe A, baseada na penetração de Lula nas camadas de menor renda e menor instrução, considera ignorante quem apóia o lulopetismo (não é assim que nos chamam?).  Esta postura elitista ignora, em primeiro lugar, que o apoio ao governos nas camadas médias nunca foi pequeno. Embora sem os números astronômicos das classes C,D e E, o apoio nas classes A e, principalmente, B é significativo,  bastando consultar as pesquisas de intenção de voto para presidente em 2010 para identificar esta realidade. Esta rotulação de ignorante para os governistas pode ter causado uma rejeição enorme à oposição que levará um tempo significativo para ser superada.

Outro consequência desta postura elitista-dogmática da oposição foi não desenvolver canais de diálogo com os extratos da sociedade considerados não-informados e permanecer com o mesmo discurso (neste caso, udenista), esperando que o povo, subitamente,  se esclareça e passe a pensar em consonância com o iluminismo político dos cardeais e seu clero. Não se desenvolveram políticas para esses extratos e nem sequer discursos eleitorais, demagógicos ou não, mas minimamente palatáveis aos segmentos sociais simpáticos ao governo.

Eles não quem só Bolsa-Família
Penso serem estes os erros nos quais que os governistas do executivo, dos partidos da base ou simplesmente simpatizantes não podem incorrer. Esses agentes devem entender que sim, a corrupção no Brasil é um problema sério, procurar entender suas causas e propor ações concretas para sua diminuição. Não podem menosprezar as manifestações contra a corrupção por que elas significam um extravasar de sentimentos de segmentos da sociedade. Neste momento, este sentimento pode estar sendo ofuscado pelo progresso econômico e deixado de lado pelo eleitorado, mas quando houver uma retração econômica, esta bandeira pode tornar-se diferencial eleitoral e os governistas podem a ter deixado bem plantada no campo da oposição.

*Adjútor Alvim é o "Editor" do blog Casa de Tolerância

Veja também 
Pimentel deve Cair?
O Mensalão do PCdoB


2 comentários:

  1. Blog do Luis Nassif, independente? Meu deus, onde estou? O Blog dele é patrocinado por quem, cara pálida?

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    1. Você pode me sugerir outras leituras, por favor?

      E do mérito do texto em si, o que vc achou?

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