Adjútor Alvim*
Capital Humano é hoje um jargão corporativo para a
força de trabalho. O filme Blade Runner (Ridley Scott, 1982) tem uma visão
interessante e ainda atual de como nossa sociedade trata este assunto.
Hanna e Hauer: amor e guerra |
Produtos comerciais de mega corporações, os replicantes são fisiológica
e morfologicamente idênticos aos
indivíduos da raça humana. São mais
fortes que os homens e, no mínimo, tão
inteligentes quanto. Suas especializações e personalidades formadas de acordo com o
tipo de atuação que deles se espera. O personagem de Rutger Hauer é um modelo militar, enquanto Pris, a personagem de Daryl Hannah, é definida como "um modelo básico de prazer".
No Varejo ou Para o Varejo? |
Ou seja, uma empresa privada produz unidades autônomas
capazes de substituir os seres humanos no mercado de trabalho. Não são indivíduos
que estão sendo criados, mas braços mais eficientes para a produção. Uma opção
mais vantajosa que a simples robotização, visto serem os replicantes também são
consumidores e realimentam o ciclo capitalista.
Tyrell, o Capitalista |
Adicionalmente, as grandes
corporações podem planejar e escolher as características de cada replicante determinando
o perfil comportamental de seus trabalhadores/consumidores.
Um bálsamo para o grande capital, um atentado contra a individualidade
humana.
A sociedade é dominada pelo grande
capital que vê os seres humanos como unidades produtoras e passíveis de
substituição pela tecnologia. Preferencialmente com perfis pessoais modelados
de acordo com seus interesses.
Ela existe pra te prender |
O único organismo estatal presente é a polícia, chamada para garantir o cumprimento da pena de extinção dos replicantes. Isso faz pensar que o filme veja a repressão e a manutenção da disciplina da força de trabalho como uma das funções mais importantes do estado.
Muito velho |
Sem os replicantes, as corporações voltam a precisar dos seres humanos para explorar as colônias extra-terrestres e anúnicios propagam as grandes oportunidade de crescimento que essas novas fronteiras oferecem. Entretanto, elas não estão disponíveis para todos. Um dos personagens não é selecionado para o trabalho por possuir a "Síndrome de Matusalém", uma forma de envelhecimento precoce.
Esse é o capital humano de nossas corporações, segundo Ridley Scott.
Jovens, fortes, disciplinados, e, fundamentalmente, descartáveis.
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